sexta-feira, 26 de junho de 2015

Os dias são diferentes

Ninguém disse que seria fácil.
Ninguém disse que seria tão difícil.

Não sinto fome, não sinto sono. É estranho viver sem esses dois sentimentos que me dominaram durante anos. Estou super descansada e super satisfeita. O resultado disso é não me reconhecer em mim. 

Passo os dias feito barata tonta porque não tenho o que fazer. Não posso carregar peso, nem me abaixar. Mas não sinto nenhuma dor, nem parece que operei. Ao mesmo tempo, não posso passar o dia deitada, porque preciso caminhar para uma melhor recuperação. 

Não posso também ficar o dia a toa porque meu relógio desperta a cada três minutos me avisando que preciso beber algo. Não sinto vontade de beber nada porque cada gole faz com que eu me sinta explodindo. Não posso nem pensar em deitar com o pacote de salgadinho pra assistir a um seriado porque além de ser item proibido pro meu estômago novo, ele não caberia lá. 

Entende meu dilema? 
Os dias são todos iguais e ao mesmo tempo todos diferentes dos meus conhecidos 33 anos. 

Sempre fui péssima com rotinas. Por isso me tornei professora - onde cada sala de aula é uma história e onde todo dia acontece uma coisa nova. 

Nunca tive horário para refeições. Aliás, houve muitos dias em que eu me alimentava apenas uma vez. Nunca tive disciplina para nada. 

O resultado disso foram anos e anos "de engorda", maltratando meu corpo físico que sofria por dentro e mostrava o resultado dessa dor aumentando o meu manequim. 

Hoje eu preciso ser outra pessoa. Preciso controlar tudo o que estou ingerindo - não só porque eu quero, mas porque o contrário pode me matar. Soube de uma mulher que não aguentou a primeira semana líquida e teve a "genial" ideia de bater carne de churrasco no liquidificador para beber. 

Morreu dois dias depois de infecção generalizada. 

O negócio é sério. E se eu entrei nessa, tenho que estar por inteiro.
E eu estou. Ainda que não me reconheça muito, estou aqui, agindo como tem que ser.

Mas é estranho.

Muito estranho.



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