quarta-feira, 1 de julho de 2015

Entrando na fase três

Está difícil demais.
Cada dia é mais difícil do que o outro. 
Todo mundo pode te dizer como é, mas não adianta. A real mesmo é que você só entende depois que está passando por isso.

Se ainda "ontem" eu estava radiante porque poderia tomar caldo de feijão, há uns três dias não aguento nem sentir o cheiro. Agora mesmo, só de escrever sobre ele, fiquei nauseada.

O problema é que as coisas enjoam. Têm muitas opções de sucos, chás, iogurtes batidos, gelatina. Mas é tudo doce - e eu não sou fã de doce. Sempre gostei mesmo é de arroz, feijão, bife e batata frita. Um bom PF sempre fez a minha cabeça muito mais do que uma tigela de brigadeiro. 

E por enquanto as opções salgadas são escassas. Fiquei bem uns três dias com o caldo de feijão. Primeiro porque minha mãe é quem os estava fazendo, segundo porque era novidade. Mas aí a licença dela acabou, ela voltou a trabalhar e eu comecei a cozinhar. Sabe aquela coisa de "quem faz não come?" Então. No meu caso, "quem faz não toma". Foi ficando difícil e, como não sinto fome, acabei suprindo os meus horários com as outras opções doces (haja água de coco!)

Aí o inevitável aconteceu: fiquei ainda mais chata. Até me afastei do blog porque só conseguia reclamar da bendita falta que o salgado estava me fazendo. E então comecei outra contagem regressiva: para chegar a fase três, onde eu poderia bater as sopas no liquidificador. Sabem o que isso significa? Que acabou o copo de água suja e rala. 

Fui feliz ao mercado hoje. Comprei vários tipos de legumes e carne para preparar a nova sopa. O Lê me ajudou muito nesse processo. Na verdade, ele tem me ajudado a cada minuto do dia. Ele fez a sopa comigo, me ajudou a ver se a consistência estava boa, provou junto e nem por um minuto comeu nada perto de mim. Parece bobeira, mas esta reta final do primeiro mês vai mexendo com o psicológico da gente e se você não tiver a cabeça no lugar passa mal só de ver os outros comendo. 

E assim cheguei à fase três. O caldo liquidificado ficou ótimo, com gosto de sopa mesmo. Tenho certeza de que em três ou quatro dias vou enjoar dele também, mas agora já estou preparada para isso. E sei também que faltam apenas sete dias para a fase quatro, a última dessa dieta líquida mirabolante. Depois a vida vai voltando ao normal, em pequenas doses como se tem de ser, mas ao normal. Quero mastigar alguma coisa. Hoje, no mercado, quase fugi com a caixa de Polenguinho. Depois me contentei com as abobrinhas e cenouras mesmo. 

Não queria escrever mais porque os dias têm sido muito iguais, como eu já disse e eu estava muito brava com isso. Mas agora passou.

Anteontem eu comentei com umas amigas que tive uma crise nervosa e ouvi muita coisa legal. Mas o que me tocou o coração mesmo foi que uma delas me chamou no reservado e lavou a minha alma. Engraçado porque é alguém de quem eu gosto muito, mas que nunca fui tão próxima. E ela falou tanta coisa, expôs tanta realidade, se aproximou TANTO do que eu estava precisando ouvir que eu chorei. Chorei de soluçar e de aliviar toda a angústia que esses últimos dias estavam trazendo. Ela, sem perceber, me pegou no colo e me embalou, só escrevendo. Nunca vou conseguir expressar o quanto lhe sou grata por isso e o quanto ela me trouxe de ânimo para enfrentar essas duas fases restantes. 

De tudo isso o que me sobrou foi uma certeza: eu sou forte. Caraca, como eu sou forte. Parece besteira mas é a primeira vez em que precisei testar todo o meu limite, toda minha tolerância e, mais do que isso, a minha força de vontade. 

Aos poucos tudo está acabando. Faltam só mais duas injeções diárias na barriga. Só mais três injeções de ferro na bunda. Três remédios já não preciso mais tomar. Também já me livrei da meia anti-trombo e do Respiron. Tudo isso é um processo inicial e eu sei que vai valer a pena. 

O Lê e alguns amigos já me dizem que estou com o rosto mais fino, mais magra. A balança também diz e algumas roupas já começam a folgar embora eu realmente ainda não enxergue. Prefiro não enxergar isso agora também para que meu corpo e mente entendam que o processo está apenas começando.

Não vou deixar mais meu mau humor me impedir de escrever e contar como é este louco dia-a-dia pós-cirúrgico. Alguns amigos têm me pedido para contar o porquê de tomar a decisão de operar e qual é o processo para que isso aconteça. Vou escrever sobre isso em breve, prometo.

E, para finalizar, quero agradecer mais uma vez IMENSAMENTE a todos que leem, comentam, vêm aqui para me acompanhar e me incentivar. Preciso mesmo desse monte de empurrão amigo para seguir em frente.

Beijos magros,

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