segunda-feira, 13 de julho de 2015

A última fase da dieta do mal

Parece que faz uma eternidade mas nessa semana completo só um mês de cirurgia. 

Os pontos estão ótimos, super bonitinhos e cicatrizados. Minha recuperação está muito boa, não sinto dor, me sinto disposta, caminho normalmente e já voltei a conseguir abaixar sem problemas. Acabaram as injeções diárias, felizmente.

Está tudo certo EXCETO essa dieta líquida do mal.

Por conta própria (eu sei, é errado) tenho deixado a sopa menos rala. Mas é para conseguir engolir porque eu estava nauseando muito e estava difícil de conseguir engolir aquele "chá de frango". 

Passei na equipe multidisciplinar hoje para o retorno de 30 dias e eu não poderia estar mais feliz. Em 23 dias perdi 12 quilos. Com eles eliminei vários centímetros de cintura e braço. Mas o melhor é que eliminei  4 pontos de IMC, reduzindo o meu para 34! Isso é MUITO bom! Significa que estou ficando mais saudável, mais cheia de vida. Falta pouco para eu entrar na taxa de sobrepeso e, muito em breve, entrar no peso ideal. 

A fisioterapeuta me elogiou bastante: disse que estou hidratada, com nível de oxigenação muito bom e com uma cara corada, boa. A psicóloga disse que estou muito bem e agindo de forma comum frente às dificuldades do primeiro mês. Eu disse para ela que às vezes fico bastante irritada com os caldos e a dieta baseada em coisas doces e que mesmo que eu tentasse não ser assim, às vezes não dava. Então ela me disse: "Eu iria estranhar se você viesse aqui após um mês nessa dieta e me disse que estava tudo uma delícia! É mais do que normal estranhar e se irritar, só não perca seu tempo se focando nisso porque é algo que você NÃO pode mudar. Então aceite e faça o seu melhor". 

Achei sensacional ouvir essas coisas. Quantas e quantas vezes a gente perde tempo se irritando com coisas que não podem ser mudadas? É muito mais fácil aceitar e tentar viver com elas. Pena que só tomei esse "chacoalhão" na última semana dessa dieta do mal... isso mesmo: última semana.

A equipe multidisciplinar inclui, obviamente, uma nutricionista. E ela me deu hoje as FOLHAS DA FELICIDADE. Sabe o que são elas? São as folhas que contêm a minha nova dieta até o fim de agosto!

E sabe o que é melhor? Não tem mais caldo!!! Agora é tudo pastoso, depois cozido em pedaços, depois realmente sólidos. Tem pão de forma, cream cheese, requeijão, polenguinho, rap 10, macarrão, sopa com carne e frango em pedaços!!! Muitas opções salgadas! Nessa mesma dieta entram os purês de batata e de mandioquinha, entram os meus amados legumes refogados (tô doida por uma abobrinha!) e o plus: POLENTA COM MOLHO DE TOMATE. Mal posso esperar por comer molho de tomate caseiro com polenta bem molinha (oi mãe, isso foi uma direta pra você, tá?). 

E na última semana da dieta eu poderei comer as coisas mais maravilhosas do mundo: carne moída com arroz! Claro: tudo tem as quantidades exatas, o modo de preparo certo e os horários. Mas são itens liberados na dieta! Acabou essa primeira fase. Acabou a parte mais difícil. 

E eu consegui. Vocês não têm ideia de como estou me sentindo vitoriosa. Poderosa. Confiante. Mostrei para mim mesma que eu sou mais forte, que eu posso ter o que eu quero. Minha vida está ficando mais saudável e minha alegria é enorme por isso. 

Os tratamentos estéticos e a academia também estão liberados. Já vou me matricular nessa semana. Não posso fazer abdominal e tenho que maneirar nos aeróbicos, o importante é não perder massa muscular, mas já posso me exercitar e cuidar ainda mais de mim. 

Fiz este post para você que não acredita que pode ir além. Pra você que tem medo, como eu tive, por quatro anos. Pra você que não toma uma decisão porque tem muita gente ao seu redor que diz que é besteira, que você não precisa. Pra você que quer mudar qualquer coisa na sua vida e não dá um passo adiante. Faça isso. Acabei de dar o meu segundo passo, estou indo em frente. Doeu pra caramba, foi difícil deixar tanta coisa pra trás. Mas o que vem adiante é mais alegre, mais iluminado. 

Estou tão feliz que mal caibo dentro do meu sorriso.
Eu consegui. EU CONSEGUI.

Agora vambora que tem um caminho longo pela frente!

Bjos magros,



segunda-feira, 6 de julho de 2015

Churrasco de sopa

Uma das primeiras perguntas que fiz ao médico há cinco anos, quando comecei a pesquisar sobre a cirurgia bariátrica, foi a respeito da minha vida social.

Veja bem: sou paulista, paulistana, são-paulina. Nascida na falida Maternidade São Paulo e criada na principal capital gastronômica do País. Desde que me entendo por adulta o conceito "sair com os amigos" significa "ir a algum lugar diferente para comer coisas gostosas". Então, fazer essa cirurgia talvez fosse implicar na minha vida social e essa era uma real preocupação.

Na época lembro que o médico me disse: "só vai mudar o que você quiser que mude em relação a isso, mas a SUA alimentação será diferente". Ou seja, ele estava jogando nas minhas mãos a ideia de que a cirurgia iria mudar meu estômago, não a minha cabeça. E que cabia a mim saber disso e ter a conscientização necessária para encarar os fatos. 

E lá se foram cinco anos pensando, repensando, estudando as possibilidades e decidindo se faria ou não a cirurgia. Pois bem, fiz, estou com 18 dias de operada e o inevitável aconteceu: fui convidada para ir a uma festa de aniversário. E não era uma festa qualquer, era a festa da madrinha do meu marido, uma tia MUITO querida por todos nós. Não tinha como dizer não. E eu nem queria dizer não, mas no convite já veio o cardápio: "vem aqui em casa, vamos fazer um churrasco pra comemorar".

Churrasco. Isso mesmo, churrasco. A comida preferida de dez em cada dez paulistas-paulistanos carnívoros como eu. Confirmei minha ida e já avisei meu primo: "não me conte como pessoa na hora de comprar a carne, porque eu não vou comer". Meu marido todo preocupado disse que se eu quisesse a gente ia até lá, dava um beijo na tia e ia embora. E eu bati o pé, firme:
- Não. Eu quero ir e ficar.

E lá fomos nós. Levei minha sacola com a marmita: um pote de iogurte natural desnatado, adoçante Stévia, uma garrafa de Ades uva diet e um potinho cheio de sopa de legumes caseira liquidificada rala. Pela quantidade que levei seria suficiente para eu ficar lá por uns dois dias, mas sei lá, fiquei com medo de não me conter e achei melhor sobrar do que faltar. 

Quando chegamos logo fomos recepcionados por um pratão de linguiça e picanha recém-saídas da churrasqueira. Eu olhei pro prato, o desejei e disse: "não, obrigada". Fui até a cozinha, peguei meu squeeze dos Minions e enchi de Ades. Com o fiel copinho de 50 ml ao lado, fui abastecendo-o e me mantendo assim. Todo mundo comendo. E todo mundo me perguntando como era não comer. E eu lá, firme e forte.

Chegou a hora de todos sentarmos à mesa e eu confesso que fiquei um pouco de fora. Fui lá pra varanda, onde meu primo e meu marido faziam a carne e fiquei batendo papo para não ver a comida toda. No entanto, uma hora foi inevitável: eu precisava almoçar. Então esquentei a minha sopa e comecei a comer na mesa, com todo mundo. E posso falar? Nem liguei pro churrasco. Juro. Tava tão gostosa, o papo tava tão bom, a companhia estava tão engraçada que consegui fazer com que a comida fosse mera coadjuvante nessa cena. 

E foi aí que a ficha caiu. Era disso que meu médico estava falando há cinco anos: cabia a mim fazer a minha vida social acontecer e não à comida! Como pude ser tão cega durante anos fazendo com que tudo girasse em torno do que estava na mesa e não sobre quem estava em volta dela? E olha: a mesa estava farta. Mas meu prato e meu coração também.

Salpicão de frango, pães, maionese caseira e muita carne. Ao lado, meu prato com a sopa quentinha 
e o copinho fiel aliado pra não me deixar perder a medida

Durante todo o tempo o Lê vinha me perguntar se eu estava bem. E posso dizer que fui sincera em todas as vezes em que disse que sim. Eu estava feliz por muitos motivos. O primeiro era porque eu percebi que sou mesmo forte, persistente e resistente. O segundo porque entendi que a comida não pode dominar a minha vida. E o terceiro era porque eu estava com pessoas que eu amo muito, que fazem parte da minha vida por perto e que era o mais importante no momento.

Quando chegou a hora do "parabéns" fiquei meio tensa porque um dos bolos tinha coco - e embora eu não ligue para doces, adoro bolo com coco. Então peguei meu Ades e me diverti com ele. E ignorei o bolo, sem ignorar o tradicional "parabéns pra você" e prestigiar os 60 anos da tia. 

Eram dois bolos, só pra deixar a vida da gordinha aqui mais fácil...


No final, passamos uma tarde pra lá de especial e agradável e foi muito bom. Estou me sentindo bem e poderosa por ter mais um obstáculo enfrentado com sucesso e firme no propósito de que eu vou conseguir. E com isso fica a lembrança de que é possível sim fazer um "churrasco de sopa e Ades" e sair alegre dele. O que importa é o que está dentro de você. 

Para finalizar, uma foto que resume bem todo o amor envolvido nesse dia de superação, família, amizade e amor que vivenciei:

Marido, filho, eu, tia, primo e prima

É possível obter sucesso sozinha. Mas acompanhada é muito mais fácil. 

E viva o churrasco de sopa!

Beijos magros,




quarta-feira, 1 de julho de 2015

Entrando na fase três

Está difícil demais.
Cada dia é mais difícil do que o outro. 
Todo mundo pode te dizer como é, mas não adianta. A real mesmo é que você só entende depois que está passando por isso.

Se ainda "ontem" eu estava radiante porque poderia tomar caldo de feijão, há uns três dias não aguento nem sentir o cheiro. Agora mesmo, só de escrever sobre ele, fiquei nauseada.

O problema é que as coisas enjoam. Têm muitas opções de sucos, chás, iogurtes batidos, gelatina. Mas é tudo doce - e eu não sou fã de doce. Sempre gostei mesmo é de arroz, feijão, bife e batata frita. Um bom PF sempre fez a minha cabeça muito mais do que uma tigela de brigadeiro. 

E por enquanto as opções salgadas são escassas. Fiquei bem uns três dias com o caldo de feijão. Primeiro porque minha mãe é quem os estava fazendo, segundo porque era novidade. Mas aí a licença dela acabou, ela voltou a trabalhar e eu comecei a cozinhar. Sabe aquela coisa de "quem faz não come?" Então. No meu caso, "quem faz não toma". Foi ficando difícil e, como não sinto fome, acabei suprindo os meus horários com as outras opções doces (haja água de coco!)

Aí o inevitável aconteceu: fiquei ainda mais chata. Até me afastei do blog porque só conseguia reclamar da bendita falta que o salgado estava me fazendo. E então comecei outra contagem regressiva: para chegar a fase três, onde eu poderia bater as sopas no liquidificador. Sabem o que isso significa? Que acabou o copo de água suja e rala. 

Fui feliz ao mercado hoje. Comprei vários tipos de legumes e carne para preparar a nova sopa. O Lê me ajudou muito nesse processo. Na verdade, ele tem me ajudado a cada minuto do dia. Ele fez a sopa comigo, me ajudou a ver se a consistência estava boa, provou junto e nem por um minuto comeu nada perto de mim. Parece bobeira, mas esta reta final do primeiro mês vai mexendo com o psicológico da gente e se você não tiver a cabeça no lugar passa mal só de ver os outros comendo. 

E assim cheguei à fase três. O caldo liquidificado ficou ótimo, com gosto de sopa mesmo. Tenho certeza de que em três ou quatro dias vou enjoar dele também, mas agora já estou preparada para isso. E sei também que faltam apenas sete dias para a fase quatro, a última dessa dieta líquida mirabolante. Depois a vida vai voltando ao normal, em pequenas doses como se tem de ser, mas ao normal. Quero mastigar alguma coisa. Hoje, no mercado, quase fugi com a caixa de Polenguinho. Depois me contentei com as abobrinhas e cenouras mesmo. 

Não queria escrever mais porque os dias têm sido muito iguais, como eu já disse e eu estava muito brava com isso. Mas agora passou.

Anteontem eu comentei com umas amigas que tive uma crise nervosa e ouvi muita coisa legal. Mas o que me tocou o coração mesmo foi que uma delas me chamou no reservado e lavou a minha alma. Engraçado porque é alguém de quem eu gosto muito, mas que nunca fui tão próxima. E ela falou tanta coisa, expôs tanta realidade, se aproximou TANTO do que eu estava precisando ouvir que eu chorei. Chorei de soluçar e de aliviar toda a angústia que esses últimos dias estavam trazendo. Ela, sem perceber, me pegou no colo e me embalou, só escrevendo. Nunca vou conseguir expressar o quanto lhe sou grata por isso e o quanto ela me trouxe de ânimo para enfrentar essas duas fases restantes. 

De tudo isso o que me sobrou foi uma certeza: eu sou forte. Caraca, como eu sou forte. Parece besteira mas é a primeira vez em que precisei testar todo o meu limite, toda minha tolerância e, mais do que isso, a minha força de vontade. 

Aos poucos tudo está acabando. Faltam só mais duas injeções diárias na barriga. Só mais três injeções de ferro na bunda. Três remédios já não preciso mais tomar. Também já me livrei da meia anti-trombo e do Respiron. Tudo isso é um processo inicial e eu sei que vai valer a pena. 

O Lê e alguns amigos já me dizem que estou com o rosto mais fino, mais magra. A balança também diz e algumas roupas já começam a folgar embora eu realmente ainda não enxergue. Prefiro não enxergar isso agora também para que meu corpo e mente entendam que o processo está apenas começando.

Não vou deixar mais meu mau humor me impedir de escrever e contar como é este louco dia-a-dia pós-cirúrgico. Alguns amigos têm me pedido para contar o porquê de tomar a decisão de operar e qual é o processo para que isso aconteça. Vou escrever sobre isso em breve, prometo.

E, para finalizar, quero agradecer mais uma vez IMENSAMENTE a todos que leem, comentam, vêm aqui para me acompanhar e me incentivar. Preciso mesmo desse monte de empurrão amigo para seguir em frente.

Beijos magros,