terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A vida continua...

Faz um ano e meio que eu operei e montei esse blog. 
Faz 17 meses que eu parei de escrever aqui. 

Ao longo do caminho eu fui deixando de publicar aqui para participar de fóruns e grupos sobre o assunto. Aliado a isso, acabou minha licença médica, voltei a trabalhar e a cuidar da rotina - abandonei meu blog.

Muitos amigos, felizmente, me pediam para voltar a escrever, queriam acompanhar a evolução, mas eu deixei de lado e fui fazendo da minha página do Facebook e do meu Instagram um mini-diário pós-cirúrgico. 

No entanto, algo em mim diz que isso não é suficiente. Não sei para os outros, mas para mim, ainda falta algo. Preciso escrever mais, contar mais, ouvir mais.

Por isso, voltei. 

Ai você me pergunta:
- Como é que está a vida de operada, Denise?
E eu te digo, sinceramente:
- Tá ótima! Tô magrinha pra caramba, me achando uma gata, super saudável, com meus exames todos em dia e sem nenhuma doença causada pela obesidade.

É verdade.
Nestes 18 meses eu eliminei 42 quilos. 
Estou usando calça tamanho 38, blusinhas que oscilam entre o P e o M. Até meu pé diminuiu: saí do 38 para o 36. Hoje meu IMC é de 23,4 - considerado NORMAL. Há algum tempo já saí da faixa da gordura e da obesidade. Estou extremamente feliz com minha vitória.

Escuto por aí:
- Ah, mas perder peso operando não é vitória, né? Assim até eu!

Não, queridos. Não mesmo. Optar por uma cirurgia invasiva como essa e conviver com as obrigações do pós não é nada fácil. São muitos alimentos restritos, muita suplementação diária, muito auto-controle. Mas eu tiro de letra. Fiz essa escolha e estou muito feliz com ela. 

Vou deixar aqui uma foto do meu antes e depois para que vocês saibam como eu estou. E que prometo virei aqui agora com mais frequência para falar sobre o assunto, sobre as atividades físicas que eu detesto fazer, mas faço e sobre como estou comendo e vivendo com um estômago de 10 centímetros.

   Antes: 108kg                             Depois: 66kg

Nos vemos amanhã!

Beijão,
Denise


segunda-feira, 13 de julho de 2015

A última fase da dieta do mal

Parece que faz uma eternidade mas nessa semana completo só um mês de cirurgia. 

Os pontos estão ótimos, super bonitinhos e cicatrizados. Minha recuperação está muito boa, não sinto dor, me sinto disposta, caminho normalmente e já voltei a conseguir abaixar sem problemas. Acabaram as injeções diárias, felizmente.

Está tudo certo EXCETO essa dieta líquida do mal.

Por conta própria (eu sei, é errado) tenho deixado a sopa menos rala. Mas é para conseguir engolir porque eu estava nauseando muito e estava difícil de conseguir engolir aquele "chá de frango". 

Passei na equipe multidisciplinar hoje para o retorno de 30 dias e eu não poderia estar mais feliz. Em 23 dias perdi 12 quilos. Com eles eliminei vários centímetros de cintura e braço. Mas o melhor é que eliminei  4 pontos de IMC, reduzindo o meu para 34! Isso é MUITO bom! Significa que estou ficando mais saudável, mais cheia de vida. Falta pouco para eu entrar na taxa de sobrepeso e, muito em breve, entrar no peso ideal. 

A fisioterapeuta me elogiou bastante: disse que estou hidratada, com nível de oxigenação muito bom e com uma cara corada, boa. A psicóloga disse que estou muito bem e agindo de forma comum frente às dificuldades do primeiro mês. Eu disse para ela que às vezes fico bastante irritada com os caldos e a dieta baseada em coisas doces e que mesmo que eu tentasse não ser assim, às vezes não dava. Então ela me disse: "Eu iria estranhar se você viesse aqui após um mês nessa dieta e me disse que estava tudo uma delícia! É mais do que normal estranhar e se irritar, só não perca seu tempo se focando nisso porque é algo que você NÃO pode mudar. Então aceite e faça o seu melhor". 

Achei sensacional ouvir essas coisas. Quantas e quantas vezes a gente perde tempo se irritando com coisas que não podem ser mudadas? É muito mais fácil aceitar e tentar viver com elas. Pena que só tomei esse "chacoalhão" na última semana dessa dieta do mal... isso mesmo: última semana.

A equipe multidisciplinar inclui, obviamente, uma nutricionista. E ela me deu hoje as FOLHAS DA FELICIDADE. Sabe o que são elas? São as folhas que contêm a minha nova dieta até o fim de agosto!

E sabe o que é melhor? Não tem mais caldo!!! Agora é tudo pastoso, depois cozido em pedaços, depois realmente sólidos. Tem pão de forma, cream cheese, requeijão, polenguinho, rap 10, macarrão, sopa com carne e frango em pedaços!!! Muitas opções salgadas! Nessa mesma dieta entram os purês de batata e de mandioquinha, entram os meus amados legumes refogados (tô doida por uma abobrinha!) e o plus: POLENTA COM MOLHO DE TOMATE. Mal posso esperar por comer molho de tomate caseiro com polenta bem molinha (oi mãe, isso foi uma direta pra você, tá?). 

E na última semana da dieta eu poderei comer as coisas mais maravilhosas do mundo: carne moída com arroz! Claro: tudo tem as quantidades exatas, o modo de preparo certo e os horários. Mas são itens liberados na dieta! Acabou essa primeira fase. Acabou a parte mais difícil. 

E eu consegui. Vocês não têm ideia de como estou me sentindo vitoriosa. Poderosa. Confiante. Mostrei para mim mesma que eu sou mais forte, que eu posso ter o que eu quero. Minha vida está ficando mais saudável e minha alegria é enorme por isso. 

Os tratamentos estéticos e a academia também estão liberados. Já vou me matricular nessa semana. Não posso fazer abdominal e tenho que maneirar nos aeróbicos, o importante é não perder massa muscular, mas já posso me exercitar e cuidar ainda mais de mim. 

Fiz este post para você que não acredita que pode ir além. Pra você que tem medo, como eu tive, por quatro anos. Pra você que não toma uma decisão porque tem muita gente ao seu redor que diz que é besteira, que você não precisa. Pra você que quer mudar qualquer coisa na sua vida e não dá um passo adiante. Faça isso. Acabei de dar o meu segundo passo, estou indo em frente. Doeu pra caramba, foi difícil deixar tanta coisa pra trás. Mas o que vem adiante é mais alegre, mais iluminado. 

Estou tão feliz que mal caibo dentro do meu sorriso.
Eu consegui. EU CONSEGUI.

Agora vambora que tem um caminho longo pela frente!

Bjos magros,



segunda-feira, 6 de julho de 2015

Churrasco de sopa

Uma das primeiras perguntas que fiz ao médico há cinco anos, quando comecei a pesquisar sobre a cirurgia bariátrica, foi a respeito da minha vida social.

Veja bem: sou paulista, paulistana, são-paulina. Nascida na falida Maternidade São Paulo e criada na principal capital gastronômica do País. Desde que me entendo por adulta o conceito "sair com os amigos" significa "ir a algum lugar diferente para comer coisas gostosas". Então, fazer essa cirurgia talvez fosse implicar na minha vida social e essa era uma real preocupação.

Na época lembro que o médico me disse: "só vai mudar o que você quiser que mude em relação a isso, mas a SUA alimentação será diferente". Ou seja, ele estava jogando nas minhas mãos a ideia de que a cirurgia iria mudar meu estômago, não a minha cabeça. E que cabia a mim saber disso e ter a conscientização necessária para encarar os fatos. 

E lá se foram cinco anos pensando, repensando, estudando as possibilidades e decidindo se faria ou não a cirurgia. Pois bem, fiz, estou com 18 dias de operada e o inevitável aconteceu: fui convidada para ir a uma festa de aniversário. E não era uma festa qualquer, era a festa da madrinha do meu marido, uma tia MUITO querida por todos nós. Não tinha como dizer não. E eu nem queria dizer não, mas no convite já veio o cardápio: "vem aqui em casa, vamos fazer um churrasco pra comemorar".

Churrasco. Isso mesmo, churrasco. A comida preferida de dez em cada dez paulistas-paulistanos carnívoros como eu. Confirmei minha ida e já avisei meu primo: "não me conte como pessoa na hora de comprar a carne, porque eu não vou comer". Meu marido todo preocupado disse que se eu quisesse a gente ia até lá, dava um beijo na tia e ia embora. E eu bati o pé, firme:
- Não. Eu quero ir e ficar.

E lá fomos nós. Levei minha sacola com a marmita: um pote de iogurte natural desnatado, adoçante Stévia, uma garrafa de Ades uva diet e um potinho cheio de sopa de legumes caseira liquidificada rala. Pela quantidade que levei seria suficiente para eu ficar lá por uns dois dias, mas sei lá, fiquei com medo de não me conter e achei melhor sobrar do que faltar. 

Quando chegamos logo fomos recepcionados por um pratão de linguiça e picanha recém-saídas da churrasqueira. Eu olhei pro prato, o desejei e disse: "não, obrigada". Fui até a cozinha, peguei meu squeeze dos Minions e enchi de Ades. Com o fiel copinho de 50 ml ao lado, fui abastecendo-o e me mantendo assim. Todo mundo comendo. E todo mundo me perguntando como era não comer. E eu lá, firme e forte.

Chegou a hora de todos sentarmos à mesa e eu confesso que fiquei um pouco de fora. Fui lá pra varanda, onde meu primo e meu marido faziam a carne e fiquei batendo papo para não ver a comida toda. No entanto, uma hora foi inevitável: eu precisava almoçar. Então esquentei a minha sopa e comecei a comer na mesa, com todo mundo. E posso falar? Nem liguei pro churrasco. Juro. Tava tão gostosa, o papo tava tão bom, a companhia estava tão engraçada que consegui fazer com que a comida fosse mera coadjuvante nessa cena. 

E foi aí que a ficha caiu. Era disso que meu médico estava falando há cinco anos: cabia a mim fazer a minha vida social acontecer e não à comida! Como pude ser tão cega durante anos fazendo com que tudo girasse em torno do que estava na mesa e não sobre quem estava em volta dela? E olha: a mesa estava farta. Mas meu prato e meu coração também.

Salpicão de frango, pães, maionese caseira e muita carne. Ao lado, meu prato com a sopa quentinha 
e o copinho fiel aliado pra não me deixar perder a medida

Durante todo o tempo o Lê vinha me perguntar se eu estava bem. E posso dizer que fui sincera em todas as vezes em que disse que sim. Eu estava feliz por muitos motivos. O primeiro era porque eu percebi que sou mesmo forte, persistente e resistente. O segundo porque entendi que a comida não pode dominar a minha vida. E o terceiro era porque eu estava com pessoas que eu amo muito, que fazem parte da minha vida por perto e que era o mais importante no momento.

Quando chegou a hora do "parabéns" fiquei meio tensa porque um dos bolos tinha coco - e embora eu não ligue para doces, adoro bolo com coco. Então peguei meu Ades e me diverti com ele. E ignorei o bolo, sem ignorar o tradicional "parabéns pra você" e prestigiar os 60 anos da tia. 

Eram dois bolos, só pra deixar a vida da gordinha aqui mais fácil...


No final, passamos uma tarde pra lá de especial e agradável e foi muito bom. Estou me sentindo bem e poderosa por ter mais um obstáculo enfrentado com sucesso e firme no propósito de que eu vou conseguir. E com isso fica a lembrança de que é possível sim fazer um "churrasco de sopa e Ades" e sair alegre dele. O que importa é o que está dentro de você. 

Para finalizar, uma foto que resume bem todo o amor envolvido nesse dia de superação, família, amizade e amor que vivenciei:

Marido, filho, eu, tia, primo e prima

É possível obter sucesso sozinha. Mas acompanhada é muito mais fácil. 

E viva o churrasco de sopa!

Beijos magros,




quarta-feira, 1 de julho de 2015

Entrando na fase três

Está difícil demais.
Cada dia é mais difícil do que o outro. 
Todo mundo pode te dizer como é, mas não adianta. A real mesmo é que você só entende depois que está passando por isso.

Se ainda "ontem" eu estava radiante porque poderia tomar caldo de feijão, há uns três dias não aguento nem sentir o cheiro. Agora mesmo, só de escrever sobre ele, fiquei nauseada.

O problema é que as coisas enjoam. Têm muitas opções de sucos, chás, iogurtes batidos, gelatina. Mas é tudo doce - e eu não sou fã de doce. Sempre gostei mesmo é de arroz, feijão, bife e batata frita. Um bom PF sempre fez a minha cabeça muito mais do que uma tigela de brigadeiro. 

E por enquanto as opções salgadas são escassas. Fiquei bem uns três dias com o caldo de feijão. Primeiro porque minha mãe é quem os estava fazendo, segundo porque era novidade. Mas aí a licença dela acabou, ela voltou a trabalhar e eu comecei a cozinhar. Sabe aquela coisa de "quem faz não come?" Então. No meu caso, "quem faz não toma". Foi ficando difícil e, como não sinto fome, acabei suprindo os meus horários com as outras opções doces (haja água de coco!)

Aí o inevitável aconteceu: fiquei ainda mais chata. Até me afastei do blog porque só conseguia reclamar da bendita falta que o salgado estava me fazendo. E então comecei outra contagem regressiva: para chegar a fase três, onde eu poderia bater as sopas no liquidificador. Sabem o que isso significa? Que acabou o copo de água suja e rala. 

Fui feliz ao mercado hoje. Comprei vários tipos de legumes e carne para preparar a nova sopa. O Lê me ajudou muito nesse processo. Na verdade, ele tem me ajudado a cada minuto do dia. Ele fez a sopa comigo, me ajudou a ver se a consistência estava boa, provou junto e nem por um minuto comeu nada perto de mim. Parece bobeira, mas esta reta final do primeiro mês vai mexendo com o psicológico da gente e se você não tiver a cabeça no lugar passa mal só de ver os outros comendo. 

E assim cheguei à fase três. O caldo liquidificado ficou ótimo, com gosto de sopa mesmo. Tenho certeza de que em três ou quatro dias vou enjoar dele também, mas agora já estou preparada para isso. E sei também que faltam apenas sete dias para a fase quatro, a última dessa dieta líquida mirabolante. Depois a vida vai voltando ao normal, em pequenas doses como se tem de ser, mas ao normal. Quero mastigar alguma coisa. Hoje, no mercado, quase fugi com a caixa de Polenguinho. Depois me contentei com as abobrinhas e cenouras mesmo. 

Não queria escrever mais porque os dias têm sido muito iguais, como eu já disse e eu estava muito brava com isso. Mas agora passou.

Anteontem eu comentei com umas amigas que tive uma crise nervosa e ouvi muita coisa legal. Mas o que me tocou o coração mesmo foi que uma delas me chamou no reservado e lavou a minha alma. Engraçado porque é alguém de quem eu gosto muito, mas que nunca fui tão próxima. E ela falou tanta coisa, expôs tanta realidade, se aproximou TANTO do que eu estava precisando ouvir que eu chorei. Chorei de soluçar e de aliviar toda a angústia que esses últimos dias estavam trazendo. Ela, sem perceber, me pegou no colo e me embalou, só escrevendo. Nunca vou conseguir expressar o quanto lhe sou grata por isso e o quanto ela me trouxe de ânimo para enfrentar essas duas fases restantes. 

De tudo isso o que me sobrou foi uma certeza: eu sou forte. Caraca, como eu sou forte. Parece besteira mas é a primeira vez em que precisei testar todo o meu limite, toda minha tolerância e, mais do que isso, a minha força de vontade. 

Aos poucos tudo está acabando. Faltam só mais duas injeções diárias na barriga. Só mais três injeções de ferro na bunda. Três remédios já não preciso mais tomar. Também já me livrei da meia anti-trombo e do Respiron. Tudo isso é um processo inicial e eu sei que vai valer a pena. 

O Lê e alguns amigos já me dizem que estou com o rosto mais fino, mais magra. A balança também diz e algumas roupas já começam a folgar embora eu realmente ainda não enxergue. Prefiro não enxergar isso agora também para que meu corpo e mente entendam que o processo está apenas começando.

Não vou deixar mais meu mau humor me impedir de escrever e contar como é este louco dia-a-dia pós-cirúrgico. Alguns amigos têm me pedido para contar o porquê de tomar a decisão de operar e qual é o processo para que isso aconteça. Vou escrever sobre isso em breve, prometo.

E, para finalizar, quero agradecer mais uma vez IMENSAMENTE a todos que leem, comentam, vêm aqui para me acompanhar e me incentivar. Preciso mesmo desse monte de empurrão amigo para seguir em frente.

Beijos magros,

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Os dias são diferentes

Ninguém disse que seria fácil.
Ninguém disse que seria tão difícil.

Não sinto fome, não sinto sono. É estranho viver sem esses dois sentimentos que me dominaram durante anos. Estou super descansada e super satisfeita. O resultado disso é não me reconhecer em mim. 

Passo os dias feito barata tonta porque não tenho o que fazer. Não posso carregar peso, nem me abaixar. Mas não sinto nenhuma dor, nem parece que operei. Ao mesmo tempo, não posso passar o dia deitada, porque preciso caminhar para uma melhor recuperação. 

Não posso também ficar o dia a toa porque meu relógio desperta a cada três minutos me avisando que preciso beber algo. Não sinto vontade de beber nada porque cada gole faz com que eu me sinta explodindo. Não posso nem pensar em deitar com o pacote de salgadinho pra assistir a um seriado porque além de ser item proibido pro meu estômago novo, ele não caberia lá. 

Entende meu dilema? 
Os dias são todos iguais e ao mesmo tempo todos diferentes dos meus conhecidos 33 anos. 

Sempre fui péssima com rotinas. Por isso me tornei professora - onde cada sala de aula é uma história e onde todo dia acontece uma coisa nova. 

Nunca tive horário para refeições. Aliás, houve muitos dias em que eu me alimentava apenas uma vez. Nunca tive disciplina para nada. 

O resultado disso foram anos e anos "de engorda", maltratando meu corpo físico que sofria por dentro e mostrava o resultado dessa dor aumentando o meu manequim. 

Hoje eu preciso ser outra pessoa. Preciso controlar tudo o que estou ingerindo - não só porque eu quero, mas porque o contrário pode me matar. Soube de uma mulher que não aguentou a primeira semana líquida e teve a "genial" ideia de bater carne de churrasco no liquidificador para beber. 

Morreu dois dias depois de infecção generalizada. 

O negócio é sério. E se eu entrei nessa, tenho que estar por inteiro.
E eu estou. Ainda que não me reconheça muito, estou aqui, agindo como tem que ser.

Mas é estranho.

Muito estranho.



quarta-feira, 24 de junho de 2015

Enjoos e náuseas

Dentro de toda resiliência necessária nessa primeira semana de cirurgia eu consegui manter a serenidade e continuar feliz com minha decisão. No entanto, nem todos os dias foram fáceis. 

Desde que comecei a tomar o caldo salgado alguma coisa não deu certo. No início achei estranho porque quando recebi a dieta imaginei que faria essa parte sem problemas, já que sou apaixonada por sopa. Acontece que o caldo, vim tristemente a descobrir - não se parece nada com o tipo de sopa que eu gosto.

Primeiro porque ele precisa ser muito ralinho, só a água de cozimento dos alimentos mesmo, sem nada amassado ou liquidificado. Segundo porque além de ser assim, ele precisava passar pelo coador de papel ou de pano. Terceiro porque o cheiro fica estranho. Quarto, sejamos justos: não fica nada diferente de uma mini poça de água suja. 

Ainda assim tentei tomar dois copinhos de 50 ml no almoço e dois na janta, como manda o figurino. No sábado eu consegui. No domingo, tomei só no almoço. Na segunda, o cheiro me fazia ter náuseas. 

Tentamos então mudar a receita: ao invés de cozinhar a batata e a mandioquinha com carne, colocamos frango. Eu amo canja - a lógica diz que esse caldo seria sensacional. 

Mas não. Ele ficou "bebível". Na hora em que foi feito, tomei os dois copinhos na janta. No dia seguinte, apenas um no almoço e à noite nem pude vê-lo sem golfar. 

Tínhamos um problema então, porque era a única coisa salgada da dieta. E ficar sem os meus amados salgados não é legal. Então tive consulta na terça com o meu cirurgião. Ele viu os pontos, estão cicatrizando bem e me orientou a caminhar mais, deu uma bronca de leve no meu sedentarismo. 

Aí expliquei pra ele o problema e fui autorizada a ficar sem salgado na janta de terça e na quarta, já que na quinta faria uma semana de cirurgia e poderia entrar com o tão sonhado caldo de feijão. Fiquei feliz por não ter que me preocupar mais com os enjoos.

Maaaaas... sempre tem um mas. Hoje eu senti muita falta de caldo salgado. E corri falar com a nutri. E então ela caiu do céu, me amparou no colo e disse as palavras mágicas: "pode começar com o caldo de feijão coado na peneira hoje na janta". 

Fiquei eufórica! Liguei pra minha mãe. Ela trouxe o feijão. Fomos ao mercado comprar a batata e a carne pra cozer junto, exatamente como manda a receita. E posso te dizer: o mundo ficou mais colorido. Peneiramos, ficou o caldinho não tão ralo e muito saboroso do meu amado feijão. Confesso que foi a refeição mais maravilhosa que já fiz na vida. Precisei me controlar para tomar um gole a cada três minutos, porque estava morrendo de vontade de virar a panela em cima de mim. Acabei jantando três copinhos de caldo de feijão. Além de estar feliz, estou exausta de tanta comida. Estufada, farta. Parece que saí do Outback depois de comer uma costela inteira com batata recheada e um Tunder de sobremesa. 

Eu e minha cara de felicidade maníaca com o primeiro copinho de caldo de feijão 


Agora sim a vida voltou a fazer sentido. Para melhorar, amanhã entram na dieta: iogurte batido com frutas, suco Ades zero e a minha tão sonhada gelatina. Confesso que já abri a geladeira algumas vezes só para ter essa visão do que realmente é uma vida boa:

Vários potinhos de gelatina diet de uva

Posso dizer com alegria que conclui a primeira etapa da minha cirurgia, Acabou a primeira semana. Amanhã começa a fase dois, logo será a três, a quatro, a cinco e quando eu menos esperar minha saúde estará em ordem e meu corpo estará em paz. 

Ontem, no médico, fizemos a pesagem. Em cinco dias de operada perdi nove quilos. Como estou bem acima do peso, não é nada a olhos vistos. Mas fez um bem danado pro meu ego, pra minha autoestima e pra minha força, porque prova que eu sou capaz. 

E assim mais um dia se passou nesta minha nova vida. Eles parecem iguais por conta da rotina necessária e rígida, mas na verdade está tudo diferente. Pensar no futuro me traz a esperança que há tempos eu havia perdido. Que bom!

Beijos magros,




segunda-feira, 22 de junho de 2015

Medicações necessárias

Há cerca de 15 dias meu marido quebrou o nariz.
Estava jogando futebol e num lance descuidado o colega subiu para cabecear a bola com ele numa ação que não deu certo. Se você fechar os olhos será capaz de imaginar a dolorida cena.

Depois que ele quebrou, foi necessário fazer uma cirurgia para reparar e colocar os ossos no lugar. Ele internou em um dia, teve alta no outro. Passou uma semana fazendo lavagem com soro e agora ta aí: novinho e pronto pra outra (pelamordedeus).

Toda essa introdução é para dizer que: quisera eu que o processo pós-operatório fosse tão barato como foi o dele. No dia em que agendei a cirurgia saí do consultório com uma lista de 12 itens. Isso mesmo: DOZE. Saímos do hospital e indo para casa fomos comprar o que eu precisaria tomar, já que alguns estão marcados para inciar no dia da alta.

E então veio o susto. Eu nunca pensei que pudesse ficar ainda mais pobre.

Antes da cirurgia já tive que comprar a meia anti-trombo (50 reais) e o Respiron (25 reais), como eu havia dito. Agora, o "buraco é mais embaixo":

1) Uma injeção de ferro a cada 20 dias (11 reais cada caixa + 10 reais de aplicação intramuscular , também conhecida como "injeção na bunda")

2) Uma injeção anticoagulante por dia, aplicada na barriga, durante 10 dias (308 reais a caixa com 10)

3) Um comprimido por dia para azia e regurgitação durante 90 dias (275 reais a caixa para 30 dias "normal"; 117 reais o genérico)

4) Quatro pastilhas por dia de suplemento (160 reais o pote com 60 pastilhas)

5) Suplemento líquido para a vida toda (40 reais o pacote com 6)

6) Facilitador do desenvolvimento do estômago, quarenta gotas, três vezes por dia (25 reais a caixa)

7) Gotas para desconforto estomacal, quarenta gotas, três vezes por dia (23 reais a caixa)

8) Gotas para aliviar possíveis dores, quarenta gotas, três vezes por dia (38 reais)

9) Pomada cicatrizante duas vezes por dia (42 reais)

10) Gotas para enjoo, quando necessário (28 reais)

11) Gotas para o intestino, se necessário (5 reais - juro, só isso!)

12) Líquido séptico para limpar o local dos cortes, duas vezes ao dia (18 reais).

Além dessa lista, recebi dois nomes de suplementos que precisarei iniciar na semana que vem e, pelas pesquisas, custam cerca de 60 reais cada lata.

Nada disso que estou escrevendo é para desanimar, mas sim para preparar. Há muita coisa no pós-operatório que nem sempre nos contam. Eu descobri fazendo. Seria legal ter sabido antes que teria que gastar essa grana. Dizem que com o tempo os remédios vão diminuindo e ficam apenas os suplementos. Vamos ver.

Espero que essa lista te ajude a se programar.

Beijos magros,